Na formação da comunidade dos doze discípulos, uma chamada a estabelecer vínculos e a crescer nos relacionamentos, Jesus fez uma indicação particular: «não deveis ir aonde moram os pagãos» (Mt 10,5). Daqui uns dias, conforme vamos acompanhar na evolução do evangelho, Jesus foi para uma região pagã e nesse lugar diferente em tudo dos judeus, reconheceu a grande fé de uma siro-fenícia: «mulher, grande é a tua fé» (Mt 15,28). Esse texto evidencia a universalidade da missão de Jesus e dos discípulos que não devia ser reduzida ao povo judeu. Foi São Paulo quem fez dessa missão universal um verdadeiro projeto de vida.
Uma primeira meditação que poderíamos propor é que os desafios da vida começam no particular e vão se expandindo para espaços maiores. Claro que isso não é linear – faço isso, depois aquilo – mas a intuição é importante, começar de casa, do interior, de dentro para expandir! Como o olhar, é necessário partir de si e mirar à frente, no horizonte. Aquele provérbio africano que diz «gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares pouco importantes, consegue mudanças extraordinárias» é sempre uma grande inspiração!
De outra maneira, o Papa Francisco, na encíclica Evangelii Gaudium, chamou atenção para 4 critérios fundamentais da ação evangelizadora. Um deles diz «o todo é superior à parte». Não se trata de contradizer a intuição teológica do evangelho de Mateus, mas de perceber como a tensão entre particular e universal é permanente. Um não existe sem o outro. O papa escreveu: «não se deve viver demasiado obcecado por questões limitadas e particulares. É preciso alargar sempre o olhar para reconhecer um bem maior que trará benefícios a todos nós. Mas há que o fazer sem se evadir nem se desenraizar. É necessário mergulhar as raízes na terra fértil e na história do próprio lugar, que é um dom de Deus. Trabalha-se no pequeno, no que está próximo, mas com uma perspectiva mais ampla» (EG 235).
Jesus chamou e continua chamando para comunicar a sua vida, o Reino do Pai em todos os lugares, do particular ao universal, respeitando os tempos e as histórias.

Pe. Maicon A. Malacarne