Dec 22
Atravessar montanhas para chegar no Natal!
No início da fé cristã está uma visita! Toda visita é uma forma de ampliar a vida, de alargar um círculo! A visita arrasta para «fora»! Na proximidade do Natal, acompanhamos Maria que se coloca a caminho para ajudar a sua prima Isabel.
O texto do evangelho (Lc 1,39-45), é muito bonito e vale à pena tirar um tempo para ouvi-lo, lê-lo e meditá-lo. Quero parar sobre um aspecto inicial da narrativa: «Maria partiu para uma região montanhosa». Isabel morava distante com Zacarias! Era um casal idoso e sem filhos e, pela graça de Deus, Isabel se encontrava grávida de João Batista. O encontro de Maria e Isabel, o afeto de duas mulheres grávidas, a vontade de ajudar, é o cenário da visitação! Para que isso acontecesse, Maria precisou «atravessar a montanha».
A vida nem sempre é linear e as montanhas são uma metáfora da descontinuidade, na necessidade de amar o desnível, de dar sentido aquilo que não é «planície». As «montanhas» atravessam as nossas relações e recordam que visitar, aproximar, compreender, servir, não é uma tarefa simples e fácil, não é um «fazer de qualquer jeito».
As «montanhas» não deixam ver como o outro realmente é. As «montanhas» são as imagens que fazemos, os preconceitos que espalhamos, o idealismo que guardamos. Maria, ao atravessar a montanha, coloca no princípio da fé a busca por conhecer a identidade do outro. Para conhecer o outro, para estabelecer relações verdadeiras é preciso ultrapassar as «montanhas».
O que temos acompanhado, no fundo, é que gastamos mais tempo procurando terra e pedra para erguer ainda mais as «montanhas» de que buscando uma forma de atravessá-la. Não é por acaso que estamos mais isolados, mais sozinhos, mais doentes, mais depressivos, mais viciados nas redes sociais, mais desanimados! Por infortúnio, preferimos a superficialidade da «planície» à ousadia da «montanha».
Não há fé sem visitação, não há fé sem «montanha». Trata-se de um «sair de casa» contínuo. A Igreja em saída é a Igreja de Maria, de Jesus, da humanidade que não escolheu ficar pisoteando a mesma «planície».
Pe. Maicon A. Malacarne